28/nov
O que é daltonismo? Como é feito o diagnosticado?
1) O que é daltonismo?
O daltonismo é uma doença congênita que provoca a confusão de cores, principalmente o verde e o vermelho. Também chamado de discromatopsia ou discromopsia, tem normalmente origem genética, mas pode também resultar de lesão nos órgãos responsáveis pela visão, ou de lesão de origem neurológica. O distúrbio, que era desconhecido até o século XVIII, recebeu esse nome em homenagem ao químico John Dalton, que foi o primeiro cientista a estudar a anomalia de que ele mesmo era portador.
O daltonismo de origem genética tem padrão de transmissão recessivo ligada ao sexo (ligado ao cromossomo X), o que significa que aparecem quase que exclusivamente em homens. Estima-se que um décimo da população masculina tenham tal alteração. As mulheres são, na maioria das vezes, as portadoras do gene (é necessário que os dois cromossomos X contenham o gene anômalo para que ela manifeste a doença). Com isso, se elas forem portadoras deste gene, elas têm visão para cores normais, mas seus filhos homens têm 50% de chance de manifestar a anomalia.
No fundo do olho existem fotorreceptores, células que recebem, transformam e enviam a informação luminosa ao cérebro, chamadas cones e bastonetes. Na região central da visão prevalecem os cones, que são responsáveis pela percepção de cores e possuem pigmentos visuais distintos para as três cores primárias: vermelho, verde e azul. Os daltônicos possuem defeitos nos cones, o que os fazem perder a capacidade de identificar cores total ou parcialmente.
Existem casos muito raros a deficiência da visão de cores pode aparecer apenas na adolescência ou idade adulta pelo uso de certas drogas como a cloroquina, o álcool etílico e metílico que e os tratamentos com laser de Árgon. Ao contrário do daltonismo estas situações podem agravar-se no tempo se a sua causa não for eliminada.
2) Quando e como é diagnosticado?
A doença é normalmente diagnosticada na infância, quando a criança começa a confundir cores. É importante que isso aconteça nessa época para a conscientização dos professores e para que o desenvolvimento do aluno não seja afetado. As confusões podem acontecer em aulas como as de geografia, em que códigos de cores são muito usados. Muitas vezes a única saída acaba sendo perguntar as pessoas ao redor quais são as cores que estão sendo usadas.
Pessoas com visão normal enxergam o número 8. Pessoas com distúrbio para visão de cores verde e vermelha enxergam o número 3. Pessoas com total cegueira total para cores não enxergam nada. A maioria dos daltônicos com dificuldade pra distinguir o verde e o vermelho enxergam o numero 5. Pessoas com visão normal ou com cegueira total para cores não lêem nada.
3) A vida de um daltônico exige muitas adaptações?
O daltonismo não é considerado uma doença debilitante, apesar de dificultar algumas atividades diárias e impossibilitar certas escolhas profissionais. Por exemplo, um daltônico nunca poderá ser piloto de avião, engenheiro elétrico ou eletricista, mas somente nestas profissões que exigem uma diferenciação minunciosa de cores. Alguns daltônicos já foram muito requisitados em guerras para encontrar pontos camuflados, já que mesmo com dificuldades de identificar as cores, eles possuem excelente capacidade de perceber a diferença de profundidade das imagens. É válido lembrar que a capacidade visual desse indivíduo não está comprometida.
A escolha de roupas é a dificuldade número um encontrada por daltônicos, podendo provocar situações difíceis. Para evitar problemas como esse, o daltônico pode passar a decorar as combinações de roupas e, se precisar mudá-las, pede a opinião de outra pessoa antes de sair de casa. Nas escolas, os lápis de cores podem ter o nome de cada cor gravada em seu corpo de modo a facilitar sua identificação.
Um oftalmolgista daltônico, de Santo André em São Paulo, Edmundo Martinelli, relata que possui avô paterno com a doença e que a condição que o impede de diferenciar verde e vermelho, foi detectada ainda na infância. Martinelli explica a sensação: “As pessoas acham que eu não vejo as cores, mas não é assim que funciona. Eu as vejo, só não decodifico”, conta. “Tento explicar que é como escutar uma música: não preciso saber todas as suas notas musicais para apreciá-la. Mesmo sem saber o nome das cores que compõem o mundo, para mim ele é também muito colorido.”
4) É possível utilizar a internet?
Para um daltônico, navegar em websites coloridos da Internet pode ser uma experiência não muito agradável. Alguns textos podem estar ilegíveis, ou mesmo a leitura dos gráficos pode ser impossibilitada devido o esquema de cores utilizado. Para possibilitar a leitura destes textos e gráficos foi desenvolvido por Daniel Ruoso, um desenvolvedor daltônico, o libcolorblind[1] que é um software que faz transformações nas cores no sentido de permitir que cores dúbias sejam colocadas em posições diferentes do espectro de cor, de forma a tornarem-se diferenciáveis por um daltônico.
O programa de acessibilidade do Gnome, gnome-mag, tem suporte a esse software e fornece uma maneira intuitiva de ativar e desativar os filtros.
Dan Kaminsky, conhecido por seus trabalhos como consultor de segurança da CISCO, criou um software de correção de cores para a nova geração de iPods Touch e iPhones. O DanKan (US$2.99 na AppStore) utiliza as câmeras dos aparelhos para capturar imagens e o processador do aparelho para alterar os tons e saturações das cores, fazendo com que pessoas com daltonismo consigam extrair informações delas. Podem ser encontrados mais detalhes sobre tal aplicativo no site: www.tecmundo.com.br
5) O Daltônico pode dirigir?
Sim, desde que ele saiba distinguir as cores: verde, vermelho e amarelo, não importando o diagnóstico de daltonismo, dando-se então preferência a avaliações realizadas através e sinais luminosos, lâmpadas coloridas, cartolinas ou mesmo novelos de lã, não sendo mais obrigatório, segundo a Resolução do Conselho Nacional de Trânsito de 2008, a realização do Teste de Ishihara. Algumas cidades já possuem semáforos adaptados para os portadores de daltonismo (quer condutores/quer peões), que apresentam uma faixa branca ao lado da luz amarela, possibilitando ao daltônico distinguir qual a cor do sinal aceso pela posição da luz (acima ou abaixo da faixa).
6) Qual o tratamento?
Não há ainda, tratamento para o Daltonismo, trata-se de uma doença genética e por enquanto não existe nenhuma forma de alterar o aparecimento ou o curso da doença. É possível que no futuro com a ajuda da engenharia genética seja possível manipular os genes de forma a alterar esta situação. Entretanto um daltônico pode viver de modo perfeitamente normal, desde que tenha conhecimento das limitações de sua visão. O portador do problema pode, por exemplo, observar a posição das cores de um semáforo, de modo a saber qual a cor indicada pela lâmpada. Como na idade escolar surgem as primeiras dificuldades com cores, sobretudo em desenhos e mapas, os pais e professores devem estar atentos ao problema, evitando constranger e traumatizar a criança. Pode ser frustrante para uma criança ter a certeza de que está vendo algo em determinada cor, enquanto todos os colegas e a professora afirmam que ela está errada.
Atualmente existem lentes que aumentam o contraste entre as cores; estas lentes ColorMax foram desenvolvidas para melhorar a discriminação entre cores que parecem iguais e podem dar alguma ajuda nas pessoas que têm dificuldade em distinguir o verde do vermelho.
7) Qual o grupo de risco?
Todas as crianças devem fazer o teste para Daltonismo quando forem levadas ao oftalmologista, para que tal doença não seja confundida com dificuldade de aprendizado ou de atenção. Os adultos que nunca fizeram teste e que possuem algum caso de Daltonismo na família devem procurar exame oftalmológico, para investigação adequada.
8) Existem novidades na área?
Atualmente não existe nenhum tipo de tratamento conhecido para esse distúrbio. Há porém, uma empresa americana fabricando lentes que permitiriam a distinção de cores pelos daltônicos. Elas seriam seletivas quanto à passagem de luz, bloqueando o necessário para corrigir defeitos da visão. Os tais óculos custam cerca de US$ 700. Mas alguns estudiosos ainda encaram a iniciativa com reservas alegando que não há estudos científicos que reconhecidamente indiquem o método.
Por enquanto a única ajuda que se pode dar aos doentes é o aconselhamento genético, nomeadamente para os portadores das formas graves da doença, para que possam programar de forma racional a sua descendência. Relativamente às formas leves, mais frequentes, a doença pouco interfere com a qualidade de vida dos doentes. Há mesmo quem afirme que o daltonismo não é na verdade uma doença mas apenas uma maneira diferente de ver as cores.